Os cientistas já suspeitavam que os andorinhões passavam a maior parte de suas vidas no ar, mas ninguém nunca tinha provado isso. Agora, um novo estudo que seguiu três andorinhões-reais por um ano sugere que há alguma verdade nesse palpite: os indivíduos de fato passaram mais de seis meses consecutivos voando.
Os pássaros não pararam nenhuma vez, nem mesmo para repousar após a migração para o norte da África depois de sua época de reprodução na Europa.
“Até agora, essa atividade locomotiva de longa duração só tinha sido relatada em animais que vivem no mar”, explica Felix Liechti, do Instituto de Ornitologia em Sempach (Suíça) e um dos pesquisadores do estudo.
Liechti e seus colegas colocaram registradores de dados em três andorinhões-reais (Tachymarptis melba, da família dos andorinhões europeus, facilmente reconhecíveis por sua barriga branca) em um local de reprodução suíço, e recapturaram os pássaros no ano seguinte.
Os aparelhos registraram a aceleração das aves e sua localização geográfica. As medições sugerem que os três pássaros permaneceram no ar por 200 dias durante a migração para a África e o inverno no continente.
Antes, pesquisadores já haviam sugerido, mas nunca provado, que andorinhões comuns nascidos passavam três anos no ar antes de pousar para a reprodução.
Isso é de fato muito impressionante, mas como eles comem? E quando dormem?
Segundo Liechti, as aves sobrevivem de plâncton no ar, e quase certamente dormem voando também. “Tem sido assumido que os pássaros ‘dormem’ apenas por alguns segundos, ou usam somente metade do cérebro, enquanto a outra metade descansa”, diz.
Porém, alguns pesquisadores acreditam que os andorinhões nem sequer dormem. “Nosso grupo tem mostrado que os golfinhos e as orcas permanecem ativos por pelo menos 90 dias sem dormir, e com sono bastante reduzido por até 150 dias após o nascimento”, conta Jerry Siegel, da Universidade da Califórnia em Los Angeles (EUA).
Siegel cita trabalhos recentes que mostram que aves da família Scolopacidae ficam acordadas por semanas durante a criação, e que os golfinhos podem funcionar sem comprometimento de desempenho durante 15 dias sem dormir.
“O que todos esses estudos nos dizem é que, quando é adaptável para os animais permanecer acordados, a evolução permite isso, então eu acho que a ideia de que andorinhões devem dormir e, portanto, ‘cochilam’ voando está incorreta”, opina Siege
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