CATÓLICOS – Para o padre Seno Wickert, essa é a festa mais importante dos cristãos. “Representa a vitória sobre a morte”, frisou. Ele acrescenta ainda que se trata de um morrer com Cristo e, posteriormente, uma avaliação pessoal se podemos ressuscitar com Ele. Wickert lembrou também a Campanha da Fraternidade, que é lançada sempre no início da Quaresma e este ano tem como tema a Amazônia. “Não foi à toa que a Igreja o escolheu. A natureza, como um todo, está precisando ressuscitar. Cabe a nós esse papel”, ressalta o padre. Os católicos adotam como símbolos, além do coelho, que representa a fertilidade e esperança de uma nova vida, o círio pascal (fogo novo) e a água, que é abençoada. “São símbolos litúrgicos”, lembra o padre.
EVANGÉLICOS (Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil) – De acordo com o pastor Cesar Antônio de Neiverth, a comemoração da Páscoa para os evangélicos luteranos não difere muito dos católicos. “Nós cremos na ressurreição do corpo e da alma”, disse Neiverth. A simbologia pascal da Igreja Evangélica Luterana também se utiliza do coelho. “Vemos nele a fertilidade, a vida, mas com o porém de que a Páscoa não é somente uma festa comercial”, justificou.
EVANGÉLICOS (Igreja Batista Nacional) – Os evangélicos pentecostais da Igreja Batista Nacional acreditam que este seja um período de muita introversão. Eles, igualmente, crêem no fato que Cristo tenha ressuscitado. “No contexto bíblico judaico, que é o que seguimos, esse é um período que marca a saída do povo egípcio do cativeiro e a entrada dele na terra prometida. É, portanto, uma situação nova, de libertação”, esclarece o pastor Alessandro Marques. O símbolo desta religião é o cordeiro, cujo representa o corpo de Jesus.
UMBANDISTAS – Os umbandistas, segundo a praticante Idê Cecília Bartz, não comemoram a Páscoa. “Inúmeras outras datas do calendário católico, nós também festejamos, mas essa não”. Entretanto, ela adverte que, embora não faça parte desta crença aceitar a ressurreição, respeita-se àqueles que a tem como uma verdade.
ESPÍRITAS – Os espíritas, apesar de não comemorarem datas consagradas por outras religiões, dogmas, respeitam as manifestações de religiosidade de todas as Igrejas cristãs. De acordo com o palestrante espírita Braulo Job, a Páscoa ou Passagem denota a libertação dos hebreus, escravizados no Egito durante séculos. “Para nós, ainda que sejamos uma doutrina cristã, Jesus apareceu a Maria de Magddala e aos discípulos com o corpo espiritual (perispírito) sem derrogar as leis naturais”, disse.
Desiguais ou parecidas?
Segundo o professor do curso de Filosofia da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e doutor em Estudos Clássicos, Edgar Affonso Hoffmann, a celebração religiosa da Páscoa abarca uma espécie de visão muito etnocêntrica. “Facilmente olhamos e interpretamos o mundo a partir de nossa posição e cultura ocidental. Por isso, a Páscoa é festa religiosa profana nos países onde predominam a cultura e a religião cristã e judaica”, acentuou. Para Hoffmann, apesar da origem e inspiração religiosa, a Páscoa assumiu feições folclóricas e consumistas. “É motivo de gastos com presentes especialmente de guloseimas. Coelhos e ovos de chocolate foram introduzidos ao longo da história por povos de diferentes origens e isso, a rigor, não tem nada a ver com origem da festa”, finalizou.
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